Compartilhe

Falência encerra 70 anos da Olvebra, pioneira da soja no Brasil

A Justiça do Rio Grande do Sul decretou a falência da Olvebra (Óleos Vegetais Brasileiros), encerrando a trajetória de uma das primeiras agroindústrias de soja do país. A decisão foi registrada em 17 de setembro de 2025, na seção “movimento falimentar” do jornal Valor Econômico, pondo fim a uma companhia fundada em 1955 e conhecida pelas marcas Choco Soy, Soymilke e Sustare.

A Olvebra nasceu em Santa Rosa (RS) há 70 anos, criada pelos imigrantes chineses Charles Tse e Sheun Ling para estimular o cultivo, a moagem e o consumo de derivados de soja. Nos anos 1970, inaugurou parque fabril em Eldorado do Sul, onde passou a produzir óleo de soja refinado e, mais tarde, alimentos matinais. Na década seguinte, a família Ling deixou o negócio, que continuou sob a administração dos Tse. Em 1989, foi aberto um braço de embalagens, incluído no processo de falência.

A empresa entrou em recuperação judicial em 2018 com passivo estimado em R$ 450 milhões. Em 2021, documento apresentado à Vara Judicial de Eldorado do Sul atualizou a dívida para R$ 668 milhões. O plano, homologado apenas em 2024, previa pagamento integral de créditos trabalhistas até 150 salários mínimos até janeiro de 2025 e quitação do restante em dois anos, com deságio de 50% e garantias imobiliárias. Nenhuma dessas etapas foi cumprida.

Em assembleia realizada em novembro de 2024, foram reconhecidos R$ 35,9 milhões em créditos trabalhistas. A tentativa de arrendar o parque industrial por R$ 100 mil mensais, com opção de compra por R$ 10 milhões, foi considerada arriscada pelo juiz e rejeitada.

Diante do inadimplemento, os credores Jonas Oliveira da Silva e Wagner Souza da Cruz solicitaram a convolação da recuperação em falência. A administradora judicial Scalzilli apoiou o pedido. A sentença determinou bloqueio de bens e contas, lacração das unidades e arrecadação dos ativos. A ordem de pagamento seguirá a legislação: primeiro créditos trabalhistas, depois garantias reais e tributos, e, por fim, quirografários.

No processo, a Olvebra alegou patrimônio líquido negativo, Ebitdas sucessivamente negativos e dificuldades para obter crédito por falta de certidões fiscais. Entre os fatores listados, estão a greve dos caminhoneiros de 2018, queda de vendas, custos logísticos elevados, variação cambial que encareceu a soja e bloqueios judiciais que comprometeram o caixa.

Falência encerra 70 anos da Olvebra, pioneira da soja no Brasil - Imagem do artigo original

Imagem: agfeed.com.br

Relatório da consultoria Sustentare, de 2021, mostrou que o faturamento subiu de R$ 55 milhões em 2010 para R$ 62 milhões em 2014, mas caiu para R$ 35 milhões em 2019. A empresa previa receita de R$ 49 milhões em 2021 e crescimento médio anual de 5,3% até 2037, projeções que não se concretizaram.

Com o encerramento das atividades, credores deverão habilitar seus créditos para a fase de liquidação.

Com informações de AgFeed

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *