O líder do SB COP30, Ricardo Mussa, declarou que a principal missão do agronegócio brasileiro na COP30, marcada para novembro em Belém (PA), será “alimentar o mundo de forma mais eficiente” diante do crescimento populacional.
Mussa destacou que determinadas atividades, classificadas como hard to abate, não conseguirão ser totalmente eletrificadas nas próximas décadas. Segundo ele, a aviação, responsável por 3 % das emissões globais, ilustra essa dificuldade: “Mesmo que fosse possível eletrificar um avião, a vida útil das aeronaves é de 30 a 40 anos; a renovação completa da frota pode levar 50 anos”. Para reduzir emissões nesse setor, o executivo aponta o SAF (Sustainable Aviation Fuel) como solução, combustível que depende da produção agropecuária.
“Temos grande vocação para produzir alimento e biocombustível simultaneamente”, afirmou.
O dirigente classificou o Código Florestal brasileiro como “único no mundo” por exigir Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente (APP). Ele ressaltou que produtores nacionais enfrentam regras ambientais inexistentes em regiões como Illinois (EUA) ou em países europeus e asiáticos, tornando a agricultura brasileira mais sustentável.
Mussa defendeu maior quantidade de pesquisas sobre agricultura tropical, pois grande parte das regulamentações ambientais foi elaborada na Europa, voltada a climas temperados. “Precisamos explicar nosso agro com base científica e evitar politização”, afirmou.
Ele sugeriu que instituições como ESALQ e Embrapa liderem estudos capazes de influenciar normas internacionais, em parceria com países do Sul Global e na África, que apresentam sistemas agrícolas semelhantes.

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Para o ex-CEO da Raízen (RAIZ4), a criação de um mercado de carbono beneficiaria o Brasil. Segundo ele, a contabilização das emissões evidenciaria pegada menor em produtos como soja, milho, açúcar e proteínas. “Se o carbono for precificado, nossos produtos deveriam ser valorizados. Hoje já sofrem descontos por causa da taxonomy e, agora, da Carbon Tax na Europa”, enfatizou.
Mussa concluiu que elevar a produtividade global de alimentos é essencial para reduzir emissões e que o agronegócio brasileiro está preparado para liderar esse processo durante os debates da COP30.
Com informações de Cana Online