Ídolo histórico do Corinthians, o goleiro Cássio vive hoje um novo momento na carreira. Contratado pelo Cruzeiro após 12 anos no clube paulista, ele revelou nesta semana ter enfrentado um quadro de depressão nos últimos meses como jogador do Timão. O desabafo, raro entre atletas de alto nível, trouxe à tona a pressão emocional no futebol e a importância do cuidado com a saúde mental.
Cássio deixou o Corinthians como o jogador com mais títulos na história do clube. Foram nove troféus, incluindo a inédita Libertadores e o Mundial de Clubes de 2012, além de dois Brasileiros e quatro Campeonatos Paulistas. Ídolo absoluto da Fiel Torcida, ele também se tornou o segundo jogador com mais jogos disputados pelo clube, com mais de 700 partidas.
Apesar de toda a trajetória vitoriosa, os últimos anos foram marcados por críticas intensas. Erros pontuais, resultados ruins da equipe e mudanças no elenco fizeram de Cássio o principal alvo da insatisfação da torcida em redes sociais e até em protestos presenciais. O goleiro revelou que começou a carregar a culpa sozinho, se isolou e passou a evitar o convívio até com a família e amigos.
“Tudo de errado que acontecia no Corinthians vinha para mim. Chegou uma hora em que eu não estava bem, não queria conversar com ninguém”, relatou em entrevista. Foi nesse momento que buscou ajuda profissional. Passou a fazer acompanhamento psicológico e também recorreu à psiquiatria, sendo medicado. Segundo o próprio atleta, esse apoio foi decisivo para preservar sua saúde e reencontrar a motivação.
A fala do goleiro escancara o peso emocional enfrentado por atletas de alto rendimento, mesmo os mais experientes. Aos 36 anos, com status de lenda no Corinthians, Cássio ainda assim viu sua carreira ser questionada e sua imagem colocada em xeque. O contraste entre a idolatria e o abandono público evidenciam o quanto o futebol ainda engatinha no debate sobre saúde mental.
No Cruzeiro, Cássio reencontrou a leveza. Titular absoluto, tem sido um dos pilares do time na temporada e demonstra em campo a segurança que o consagrou como um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro. Fora das quatro linhas, o discurso mais maduro também mostra um profissional que aprendeu a se proteger e valorizar a própria trajetória. “Hoje estou feliz de novo. A ajuda que tive foi fundamental para voltar a sorrir no futebol”, afirmou.
A coragem de falar abertamente sobre a depressão e os cuidados com a mente ajuda a quebrar tabus dentro do esporte e pode inspirar outros atletas a buscarem ajuda. Cássio, mais do que títulos e defesas, agora deixa também um legado de humanidade no futebol.