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Como o glamour dos jogos virtuais se sustenta no mundo obscuro do vício: psicóloga alerta

O caso “Karol Digital” voltou os holofotes para um tema que atravessa telas e vidas: os impactos dos jogos virtuais e das apostas no cotidiano das pessoas. A investigação da polícia apontou uma movimentação de mais de R$ 200 milhões no esquema envolvendo a influenciadora de Araguaína. Grana e muito luxo que têm como alicerce a vulnerabilidade de pessoas.

Para além das manchetes, há famílias desorganizadas, rotinas quebradas e dívidas que não cabem no feed. Em entrevista ao TO Em Notícia, a psicóloga Danila Façanha descreve como a lógica de recompensa imediata e repetição transforma diversão em compulsão e o que fazer quando o jogo passa a comandar a vida.

Quando a diversão vira compulsão

O primeiro sinal é a intensidade e a frequência, explica Danila. “A pessoa joga de manhã, à tarde, à noite, muitas vezes varando a madrugada. Ela não consegue ficar sem jogar. Isso traduz a estrutura compulsiva: fazer a mesma coisa repetidas vezes. Inquietude e irritabilidade quando não está jogando; dificuldade de aceitar que é hora de parar; relacionamentos perdem significado porque o jogo ocupa todo o espaço. Aí vêm as oportunidades perdidas no trabalho ou na educação. Quando o comportamento invade a vida social e funcional, o jogo deixa de ser social e se torna compulsivo.”, comenta a profissional.

A psicóloga conta ainda que tem sido comuns nos consultórios casos de famílias que descrevem insegurança quando a compulsão chega. “Marido, esposa, filhos que não conseguem largar o jogo online. A gente vê dinheiro do estudo que não foi pago, carro vendido, salário inteiro consumido tentando ‘recuperar o prejuízo’. O aumento dessa demanda é absurdo.”, alerta.

Como a terapia ajuda

Psicóloga experiente e renomada no campo da Psicoterapia, ela conta que é necessário entender a importância da busca por apoio profissional. “A terapia centra a pessoa na realidade da própria situação e amplia a consciência: o que está acontecendo, quais perdas já existem, quais limites precisam ser criados. É um processo de acolhimento ativo: alguém que pega na mão, nomeia o problema, propõe barreiras e acompanha a mudança. Isso protege contra o fundo do poço, do endividamento grave a riscos de ideação suicida.”, finalizou.

Sobre a psicóloga

Danila Façanha é Psicóloga Clínica e Neuropsicóloga, especialista em Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico, com atuação focada em psicoeducação, intervenções baseadas em evidências e acompanhamento de casos de dependências comportamentais; é também professora do curso de Psicologia na Uninassau em Palmas-TO.

Em nossa próxima reportagem, vamos trazer o relato de uma vítima de um esquema que destrói vidas. Aqui no TO Em Notícia você vai acompanhar como o sonho de uma faculdade se tornou em sofrimento por causa da dependência dos jogos virtuais.

 

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