Compartilhe

Foto divulgação/ Fantástico TV Globo

Fantástico revela detalhes de esquema milionário que levou ao afastamento de Wanderlei Barbosa; assista

O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu neste domingo (5) uma reportagem com novos detalhes sobre o esquema de corrupção que levou ao afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa Castro, determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão, proferida pelo ministro Mauro Campbell, determinou o afastamento do chefe do Executivo estadual por seis meses, em razão de suspeitas de corrupção, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.

Segundo o ministro, Wanderlei Barbosa “transformou o governo do Tocantins em um verdadeiro balcão de negócios”. As investigações apontam que o grupo liderado por ele teria desviado R$ 73 milhões apenas em contratos relacionados à distribuição de cestas básicas, durante a pandemia de Covid-19.

O suposto esquema criminoso teria começado ainda em 2020, quando Wanderlei era vice-governador e comandava a distribuição de cestas básicas pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas). De acordo com a Polícia Federal, foi montado um núcleo de empresários com empresas de fachada e “laranjas”, com o objetivo de simular serviços e entregas que nunca ocorreram.

O empresário Paulo César Lustosa, apontado como um dos operadores do grupo, aparece em áudios obtidos pela reportagem do Fantástico admitindo o controle sobre os recursos desviados. Em um dos trechos, ele afirma: “Nós é que vamos administrar os recursos dessas emendas”. Em outro, diz: “E o que sobrar a gente racha”.

Para forjar a entrega dos alimentos, os investigados teriam usado as mesmas cestas básicas repetidamente. Segundo a PF, a mesma cesta era fotografada e apresentada como entregue várias vezes, em ações que serviam apenas para comprovar falsamente o cumprimento dos contratos.

Em um áudio revelado pela reportagem, Wilton Rosa Pires, irmão de Paulo César Lustosa e servidor da Secretaria de Meio Ambiente, admite que utilizava cestas “emprestadas” de um mercado para simular as entregas: “Depois colocar novamente a cesta no carro e entregar lá, que ela é emprestada, né?”, diz ele no áudio.

Após assumir o governo em 2021, com a saída de Mauro Carlesse — também afastado por suspeita de corrupção —, Wanderlei Barbosa teria dado continuidade ao esquema, ampliando-o para outras áreas da administração. Segundo a PF, o grupo criou um sistema de cobrança de propina para antecipar pagamentos a empresários com contratos com o Estado.

Entre os principais articuladores do esquema de propinas, aparecem Wilton Rosa Pires e Maria do Socorro Guimarães, conhecida como Bispa Socorro. Em mensagens, os envolvidos citam Karynne Sotero, atual esposa de Wanderlei Barbosa e então secretária extraordinária de Participações Sociais, como alguém que não deveria ser envolvida nas conversas.

A investigação também aponta indícios de lavagem de dinheiro por meio da Pousada Pedra Canga, localizada na Serra de Taquaruçu, construída em nome dos filhos de Wanderlei. Perícia da Polícia Federal apontou que os gastos ultrapassaram R$ 6 milhões, valor bem superior ao declarado oficialmente.

Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, em setembro, os agentes encontraram R$ 52 mil escondidos em um compartimento atrás de uma gaveta no banheiro da casa de Wanderlei. Em outro endereço, pertencente a um dos investigados, foram apreendidos R$ 700 mil em espécie. Segundo o ministro Mauro Campbell, a decisão de afastamento foi motivada pela “expressiva quantia de dinheiro em espécie apreendida no gabinete do governador” e pela “atualidade dos atos de lavagem de capitais”.

Com isso, Wanderlei Barbosa se torna o terceiro governador do Tocantins a ser afastado por suspeitas de irregularidades, repetindo um histórico que já envolveu Siqueira Campos, Marcelo Miranda e Mauro Carlesse.

Em nota, a defesa de Wanderlei Barbosa afirmou que o governador “jamais participou de qualquer esquema ilícito” e destacou que, à época dos desvios das cestas básicas, ele era vice-governador e “não tinha poder para ordenar despesas”. O advogado ainda declarou confiar que o processo judicial “colocará fim às insinuações infundadas”. O Partido Republicanos, ao qual Wanderlei é filiado, disse confiar nas instituições e que acredita que o direito à ampla defesa será garantido, permitindo que o governador prove sua inocência.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *