Empresas líderes do agronegócio brasileiro — São Martinho, Bayer, Cargill Nutrição e Saúde Animal, Corteva e Syngenta — reforçaram seus orçamentos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) para ampliar eficiência, diversificar receitas e lançar produtos de maior valor agregado.
A São Martinho destinou R$ 120 milhões a projetos de inovação em 2024, alta de 20% ante 2023 e o dobro do valor aplicado há uma década. O investimento anual oscila entre 1% e 3% da receita bruta, variando conforme o porte dos projetos.
Entre as iniciativas de maior peso estão a planta de etanol de milho na Unidade Boa Vista (GO), que exigiu R$ 740 milhões e opera desde meados de 2023, e a futura usina de biometano na Unidade Santa Cruz, em Américo Brasiliense (SP), que receberá R$ 250 milhões e deve entrar em operação até 2026.
O time de inovação reúne cerca de dez profissionais em dedicação exclusiva e 12 especialistas parciais. A companhia desenvolveu sistemas para colheita mecanizada da cana, logística integrada e redes 4G/5G para conectar equipamentos agrícolas e industriais. Um dos destaques mais recentes é a colhedora de duas linhas, criada com a Case New Holland (CNH), que terá versão movida a etanol em fase de testes.
Segunda colocada no setor de agronegócio no anuário Valor Inovação Brasil 2025, a Bayer pretende lançar mais de duas dezenas de formulações no país até 2030. Pelo menos 13 das 26 unidades da empresa no Brasil participam ativamente de P&D, nas áreas de melhoramento genético (Uberlândia-MG), adubação (Paulínia-SP) e defensivos (Luís Eduardo Magalhães-BA).
No ano passado, a multinacional investiu cerca de € 2,6 bilhões em inovação globalmente, somando quase € 10 bilhões nos últimos cinco anos. A equipe de P&D tem 7,8 mil profissionais em mais de 60 países.
Entre as novidades previstas para o mercado brasileiro estão um inseticida à base de cetoenol, uma molécula para controle preventivo de plantas daninhas na soja, um herbicida considerado a maior inovação pós-emergente em três décadas, as terceira e quarta gerações da soja Intacta e duas novas tecnologias para milho, incluindo um híbrido de baixa estatura.
No exercício fiscal encerrado em maio, projetos inovadores responderam por mais de 50% do resultado financeiro da Cargill Nutrição e Saúde Animal no Brasil. Mais de 80% desse valor veio do lançamento de novas linhas para bovinos de corte e leite, suínos e aves. A meta da companhia é que inovações gerem ao menos um terço do Ebitda.
Uma linha de suplemento para bovinos em confinamento foi destaque recente. Cerca de 7% do quadro de pessoal — 109 especialistas — atua diretamente em inovação, apoiado por consultores técnicos, nutricionistas, veterinários e especialistas em dados. Atualmente há 58 projetos em diferentes estágios.
No campo digital, a Cargill testa o ProSense Feed, desenvolvido com a agtech canadense BinSentry, que usa inteligência artificial e sensores para medir em tempo real os níveis de ração em silos.

Imagem: valor.globo.com
Corteva investe US$ 4 milhões por dia em P&D global
A Corteva aplica quase US$ 4 milhões diários em PD&I mundialmente, parte para lidar com novas pragas e doenças que avançam com as mudanças climáticas. Das mais de 120 estações de pesquisa da companhia, 11 ficam no Brasil — seis voltadas a sementes. Nos últimos cinco anos, a empresa injetou cerca de US$ 170 milhões na expansão e modernização de centros de produção e pesquisa no país.
Com 270 profissionais dedicados à inovação no Brasil e Paraguai, a empresa também investe em parcerias externas por meio da plataforma Corteva Catalyst, lançada em 2024. O primeiro aporte, em junho, foi na startup brasileira Symbiomics, de bioinsumos.
Inaugurado em abril do ano passado, o laboratório de Mogi Mirim (SP) consolidou-se como o maior centro de P&D integrado de campo da Corteva no mundo. A unidade já contribuiu para o desenvolvimento de um fixador biológico de nitrogênio, um fungicida contra ferrugem asiática da soja e um inseticida para percevejos em soja e milho. A companhia mantém ainda um banco de germoplasma com híbridos mais tolerantes à seca.
A Syngenta investe globalmente US$ 1,4 bilhão por ano em inovação. No Brasil, inaugurou em outubro de 2024 o Centro de Tecnologia e Engenharia de Produtos (PT&E) em Paulínia (SP), o primeiro da empresa na América Latina, com aporte de R$ 65 milhões. O complexo, localizado na maior fábrica de formulação e envase da companhia, reúne seis laboratórios voltados a formulações, química analítica, biológicos, engenharia de processos, embalagens e tecnologia de aplicação.
O Centro de P&D de Uberlândia (MG) foi elevado em outubro de 2023 a Centro de Excelência e Inovação em Sementes para a América Latina, ampliando instalações e capacidade. A equipe de pesquisa reúne cerca de 200 profissionais, entre eles doutores em biotecnologia, química e agronomia. Parcerias com universidades, cooperativas e agtechs complementam a estratégia, especialmente em agricultura de precisão e produtos biológicos.
Com aportes bilionários, novas plantas industriais e dezenas de produtos em pipeline, as principais companhias do agronegócio reforçam a aposta na inovação para sustentar o crescimento e responder às demandas de produtividade e sustentabilidade do campo.
Com informações de Valor Econômico