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Ministério Público constata abandono e falta de estrutura na ala de ortopedia do Hospital Geral de Palmas

Uma vistoria realizada pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO) na ala de ortopedia do Hospital Geral de Palmas (HGP) expôs um cenário crítico de abandono e precariedade na unidade de saúde. A inspeção aconteceu na tarde da quarta-feira, 30, e revelou uma série de problemas graves que afetam diretamente os pacientes internados no terceiro piso do hospital.

Entre as irregularidades encontradas estão camas com defeitos, aparelhos de ar-condicionado quebrados nos quartos, lixo acumulado em leitos e corredores, vazamentos de água nos banheiros, bebedouro danificado, baratas nos móveis, teias de aranha no teto, fezes de pombos nas janelas e pacientes acomodados em macas nos corredores. A equipe também constatou falta de pessoal, com apenas três técnicas de enfermagem para cuidar de 29 pacientes — quase o dobro do permitido pela legislação.

A vistoria foi conduzida pelo promotor de Justiça Thiago Ribeiro Franco Vilela, titular da 19ª Promotoria de Justiça da Capital, após o recebimento de denúncias no início da semana. Segundo ele, a situação já havia sido discutida em junho com representantes da Secretaria Estadual da Saúde e da direção do hospital, mas as promessas de solução não foram cumpridas.

“Recebemos as primeiras denúncias e viemos ao HGP em junho. No mesmo mês, realizamos uma audiência para tratar da situação, mas até agora nada foi feito. Aparentemente, há um descaso com a população tocantinense. Teremos de resolver isso judicialmente”, afirmou o promotor, que adiantou que o MPTO irá propor uma ação civil pública para exigir as devidas correções.

Durante a nova inspeção, pacientes e acompanhantes relataram limpeza feita por familiares, que compram produtos de higiene para tentar manter os quartos em condições mínimas. Casos de cirurgias canceladas repetidamente também foram apontados: um homem está há quase 30 dias no hospital, já tendo sido levado ao centro cirúrgico duas vezes sem que o procedimento fosse realizado; outra paciente passou por três tentativas frustradas de cirurgia por falhas em próteses.

O que diz o Governo

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informou, por meio de nota, que o Hospital Geral de Palmas é referência em alta complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS) para a macrorregião sul do Estado e que, nos últimos anos, o Governo do Tocantins tem promovido a ampliação dos serviços com contratação de profissionais, entrega de equipamentos e ampliação da estrutura.

Sobre os aparelhos de ar-condicionado, a SES afirma que a manutenção é feita de forma periódica e que já existe um processo de aquisição de novas unidades para reposição. A Pasta esclarece ainda que a capacidade energética do hospital atingiu o limite de operação, sendo necessário o projeto para instalação de uma nova subestação de energia — que já foi elaborado e está em fase de validação pelos órgãos competentes.

Quanto à limpeza, a SES-TO afirma que 140 Auxiliares de Serviços Gerais foram contratados nos últimos meses, dos quais 122 seguem ativos, e que o processo de contratação permanece aberto, além de haver licitação em andamento para contratar empresa especializada. Em relação às cirurgias, a Secretaria esclarece que os procedimentos ocorrem de forma regular, conforme os critérios médicos estabelecidos pelo SUS, levando em conta lista de espera, ordem de chegada e gravidade do quadro clínico.

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